Franquias no Interior do RS: Sonho ou Ilusão?
- Rogério Hansen
- 26 de mar.
- 3 min de leitura

Nos últimos anos, o modelo de franquias se consolidou como uma opção atrativa para empreendedores que buscam investir em negócios já testados e com suporte operacional. No entanto, ao analisar de perto o desempenho das franquias em cidades com menos de 100 mil habitantes, percebemos uma realidade desafiadora: a alta taxa de mortalidade antes mesmo do primeiro ano de operação. Estudos indicam que, apesar da promessa de segurança, muitas franquias acabam fechando em um período curto, com índices de encerramento comparáveis ou até superiores aos de negócios independentes. De acordo com uma pesquisa da consultoria Rizzo Franchise, mais de 90% das franquias brasileiras fecham em até dois anos, evidenciando que o modelo não é garantia de sucesso. Mas por que tantas franquias não prosperam nesses mercados?
1. Expectativas vs. Realidade
Muitos investidores são seduzidos pela promessa de um modelo de negócio consolidado e pela segurança que uma marca reconhecida pode oferecer. No entanto, a realidade em cidades pequenas pode ser diferente da projetada. O volume de consumidores e a cultura local podem não sustentar o faturamento esperado, gerando frustração e dificuldades financeiras.
2. Custos Fixos Elevados
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas franquias em cidades menores é o custo fixo elevado. Taxas de franquia, royalties e exigências estruturais muitas vezes não condizem com o potencial de faturamento da localidade, tornando o ponto de equilíbrio difícil de alcançar. Além disso, há custos significativos com a locação de espaços comerciais, contratação de pessoas e investimento em marketing inicial para consolidar a marca localmente.
3. Limitações de Mercado
Diferente das grandes cidades, onde há um fluxo constante de consumidores e um mercado mais dinâmico, as cidades pequenas possuem um público reduzido e hábitos de consumo próprios. Algumas franquias não se adaptam a essas especificidades e, ao tentar replicar o modelo padrão, acabam se tornando inviáveis.
4. Baixa Flexibilidade para Adaptação
Outro fator crítico é a rigidez dos modelos de franquia. Muitas redes não permitem grandes adaptações ao contexto local, limitando a criatividade do franqueado para ajustar produtos, serviços e até preços conforme a demanda do público. Essa falta de flexibilidade pode comprometer a aceitação do negócio na cidade.
5. Concorrência com o Comércio Local
Muitas cidades pequenas possuem negócios familiares e tradicionais que já conquistaram a confiança dos consumidores. Uma franquia pode encontrar resistência, especialmente se oferecer produtos ou serviços que já possuem alternativas bem estabelecidas no mercado local.
6. Falta de Vocação da Franqueadora
Nem toda boa ideia de negócio é franqueável. Muitas empresas tentam expandir por meio do modelo de franquias sem possuir uma estrutura sólida para dar suporte aos franqueados. A falta de processos bem definidos, suporte técnico e treinamento adequado pode deixar os investidores à mercê de dificuldades operacionais e financeiras. Quando a franqueadora não está preparada para crescer de forma sustentável, os franqueados sofrem com a falta de apoio, o que compromete a qualidade e a longevidade do negócio.
O modelo de franquia ainda é uma excelente alternativa para empreender, mas sua implantação em cidades pequenas requer um estudo aprofundado e uma análise criteriosa da viabilidade. Antes de investir, é fundamental avaliar não apenas o nome da marca, mas o encaixe real do negócio no contexto da cidade. A adaptação e a flexibilidade podem ser o diferencial entre o sucesso e o fechamento precoce da unidade.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, há peculiaridades culturais e regionais que influenciam diretamente o consumo. O apego ao comércio local, a valorização de marcas tradicionais e até mesmo a sazonalidade econômica de algumas cidades podem tornar desafiadora a implementação de um modelo de franquia. Ter essa consciência e considerar todas as variáveis antes de investir pode evitar frustrações e permitir decisões mais estratégicas e sustentáveis.
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